domingo, 30 de janeiro de 2022

Dueto (parte IV)

Em vez de responder, sigo-te — adivinho que é isso que queres. 

Vou muito perto de ti, mas não tão perto que não fique fascinado pelo modo como as tuas ancas jogam quando andas

E, quando páras para pegar na garrafa, dou por mim, habitualmente tão discreto e reservado, a pôr nelas as minhas mãos, a encostar-me a ti, e a murmurar:


— Parece-me que as fotografias vão ter de esperar


***


Sorrio e circundo as minhas mãos no teu rosto, entrelaçando os dedos na nuca. 


 Shhhh…  faço, passando a minha língua nos teus lábios. 


Fecho os olhos e tudo é sensorial. Ouço um tic-tac distante, o restolhar de folhas nas árvores lá fora, o cheiro do teu perfume. 

Trinco o teu lábio levemente ao sentir as tuas mãos deixarem as minhas ancas e suspiro na expectativa. 


 Sim, vão ter de esperar.


***


Percebo que ficaste surpreendida por eu ter retirado as mãos e decido prolongar a tua incerteza. Fico imóvel, dois, três, quatro segundos, até que abres os olhos. É então que cravo neles os meus, te enlaço pela cintura, te puxo para mim e te beijo longamente, a minha língua dançando com a tua.


Respondes-me com todo o teu corpo, com todo o teu ser. Rodeias-me o tronco com os braços, pões as mãos nos meus ombros e apertas-me contra ti. Sinto o teu peito esmagado contra o meu e saboreio cada sensação. Assalta-me uma vontade súbita de precipitar os acontecimentos, mas retomo o domínio de mim mesmo e limito-me a fazer durar o momento. Imagino a imagem das nossas línguas que se enrolam, toco com a minha cada milímetro da tua, e essa imagem deixa-me louco de excitação.


***


Sem pensar, permito-nos o beijo contínuo e começo a desabotoar a tua camisa, impecavelmente engomada quando chegaste. 

A temperatura no bar é acolhedora, convidativa. Puxo-te para um dos sofás de veludo sem te conseguir largar, nem interromper o ritmo sincronizado das nossas línguas. Desaperto-te o cinto, o botão das calças e sinto-te ofegante. 


Interrompes o beijo bruscamente, seguras-me com vigor ligeiramente acima dos cotovelos, afastas-me de ti e olhas-me novamente nos olhos. Cabelos completamente selvagens, boca mais rosada em sintonia com um blush natural, retribuo-te o olhar, ainda meio ofegante, excitada pela expectativa.


***


Os teus olhos brilham, quase febris. Transfiguraste-te rapidamente, tal como eu. O desejo mútuo adensa-se, palpável, à nossa volta.

Não quero estragar a roupa que escolheste para a ocasião, mas é irresistível subir-te um pouco o body, pousar as mãos na tua cintura, acariciar-te levemente. QueimasQueimas mesmo, ou é de mim?


Encaixo o rosto no teu pescoço, aspiro o teu perfume, passo a língua, lentamente, na tua pele, na tua orelha.

Com suavidade, vou fazendo mais leve, imperceptível, o toque das minhas mãos. É com surpresa que te apercebes de que a minha mão direita já não está na tua cintura e, sob a saia, te agarrou a coxa esquerda.


***

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