Os dias continuam cinzentos, aborrecidos, desmotivadores. A chuva, teimosa, impede-me de sair do palácio e perder-me na minha floresta — o único lugar onde ainda consigo ouvir a tua voz, a tua gargalhada musical.
Embacio o vidro da janela do escritório após um gole de café, recordando o que foi, no que se tornou e no que passei a ser depois. Porque ninguém fica igual, seja pelo bem ou pelo mal.
E tu? Como foi para ti? Todas as histórias têm duas versões, e sei que viveste e sentiste tudo de forma completamente diferente da minha.
Agora voltaste. Para quê? Estavas perfeitamente bem no teu lugar — um esqueleto empoeirado no meu armário, sereno, onde devia permanecer.
Porquê agora? Tudo estava arrumado, aparentemente resolvido. Primeiro no meio da tempestade, depois com menos emoção e mais racionalidade, mas arrumado. Ou pelo menos, assim o julgava.
Havia algo mais? Ouvir-te-ei outra vez nos meus ouvidos, um dia?
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