A tempestade impede-me de sair. Oiço o vento a soprar, violento, ameaçador. Espreito pela janela e vejo o brilho difuso de candeeiros adjacentes ao palácio pela chuva que cai incessantemente.
Suspiro. Tantos planos, em vão. O vento uiva, cada vez mais forte. Sirvo-me de tinto, do Alentejo desta vez. A marca é irrelevante. Peguei a primeira que vi. Coloco os óculos, arrasto-me derrotada para a sala e escolho um qualquer canal para me abstrair. Eis senão que…
O meu telefone dá sinal. “Abre o portão.”, diz a mensagem. Cabeça e corpo ficam a latejar na antecipação. Sigo em passo rápido para a porta e abro os portões do palácio. Não me interessa a minha aparência, estou pronta para te receber.
Vejo-te a subir a escadaria, mas não corres para te abrigares de vento e chuva. Vens em passo certo, seguro. Sinto palpitações à medida que te observo. À chegada à porta, nada dizes. Beijas-me de forma sôfrega como se houvesse uma década a separar-nos. Sinto os teus dedos deslizarem para dentro das minhas cuecas e escorregarem para o interior quente que te aguardava sem saber.
A porta fica aberta, mas nem o vento consegue arrefecer-nos. Pegas-me ao colo e abraço-me a ti com as pernas, sem largar os teus lábios um segundo que seja. Nem reparo para onde me levas, passo os dedos pelos teus cabelos e arfo como louca.
Deitas-me na poltrona. Sinto o rasgar de roupa e de imediato saboreias-me o néctar que é só meu. Não. Hoje não é noite para demoras. Arranco-te a camisola ensopada e puxo-te para mim. Ainda nem tinhas chegado à minha boca quando te sinto, bem forte, duro, dentro de mim. Beijas-me logo de seguida, mordes-me um lábio como se quisesses levar um pedaço meu contigo. Gosto disso. Sabes disso.
Não há tempo para mais. Não te permito mais. Explodimos em êxtase numa confusão de vento, chuva, respirações ofegantes, abraços escorregadios.
A tempestade acalma. Quanto tempo passou, mesmo?
0 comentários:
Enviar um comentário