Vi em tempos um sketch engraçado que retrata, primeiramente, o aborrecimento de ler. Depois, movido por uma curiosidade despercebida, a figura embrenha-se então num mundo alucinado de aventuras literárias.
Termino agora um livro do qual não esperava um desenlace trágico. Estava a lê-lo avidamente, uma vez que a personagem que dá o título ao livro me fez reviver um dos períodos mais negros da minha vida. Revi-me nela em muitos dos pensamentos descritos, nas ideias absurdas, nos sentimentos carregados de dor, nos diálogos que via e revia na minha mente, na contrariedade do que devia ter dito e não disse, no que não tinha sentido proferir depois.
Relembrei, toldada na dor de uma humilhação que não deveria ser minha, o pensamento que me assolou momentaneamente para provocar a minha própria morte. Não por amor não correspondido, mas por o meu pouco amor próprio ter sido dessa forma ferido. Por humilhação de não me ter conseguido proteger, por não ter querido ver o óbvio.
Li este livro para tentar descortinar uma solução para aquilo que me atormentou em tempos, mas nem ele tem a resposta que, para ser sincera, não interessa nem se aplica aos dias de hoje. Mas vivi tudo de novo, numa presença bizarramente sentida, como se tivesse sido atirada a esses anos de uma pena cumprida por um crime não cometido.
Revivi. Agora tenho somente de arrumar novamente o assunto e partir para outro livro. Novas aventuras me esperam.
1 comentários:
Não disseste o nome do livro aos teus fans...
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