Estou nua. Ela observa-me com atenção, para cada centímetro da minha pele exposta. Surge-lhe um leve rubor no rosto e avança para mim. Eu, ausente de pensamento, somente observo, vazia de expectativa, como que soubesse que é assim que tem de ser e não de outra maneira.
Uma unha desliza pela minha boca, queixo, peito, continua a descer, barriga, umbigo, baixo ventre. Pára. A palma da sua mão envolve-me e cobre-me. A boca dela faz o percurso de volta. Língua a reconhecer baixo ventre, umbigo, barriga. Desvia a rota para o mamilo esquerdo, as minhas costas arqueiam. Retorna a rota inicial, peito, queixo, boca. Entrelaçamos línguas num beijo carnal, arrebatador. O ramo da grande árvore parece reclamar por não participar.
Desço o fecho do vestido dela. Nada por baixo a não ser a sua pele marmórea de tão pálida, com um ligeiro perfume de si mesma. Ela força-me a sentar, ambas no centro da enorme cama, pernas entrelaçadas uma na outra, os nossos mamilos roçam-se à medida que um outro beijo começa. Lento, de saborear, sentindo cada relevo da língua invasora, do sabor da sua saliva, no prestar atenção aos seus movimentos.
Sinto aquele baque de prazer. Sinto-o escorrer. Ela empurra-me gentilmente de encontro às almofadas e segue a saborear-me. Sabe o que faz. Sinto-me dormente, sincronizada com a sua língua e com os lábios que me envolvem entre as pernas. Ausente de pensamento, somente sinto, vazia de expectativa, como que soubesse que é assim que tem de ser e não de outra maneira.
Reina o silêncio. O ramo deixou de bater na janela, resignado à sua sorte. Petra jaz adormecida a meu lado, com a sua mão esquerda enlaçada na minha mão direita, sinto-lhe a respiração silenciosa e quente no peito. Yin e Yang. Petra e Alice. Petra é Alice. O equilíbrio.
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