Photo by Alexander Krivitskiy on Unsplash |
Estou a caminhar rumo a ti à medida que penso que estacionei demasiado longe. Penso também, quase em simultâneo, que foi melhor assim. "Deixa-o esperar!". Não consigo evitar o nervosismo. Sinto-me tremer, até o meu passo é vacilante. "Acalma-te!" - exijo num grito surdo. Coloco os fones, mal, deixo cair um. Irrito-me comigo própria pelo ridículo da situação. Volto a colocá-los. Escuto a música que está a passar e automaticamente desconstruo imagens que tinha associadas a ela. És tu quem preenche o espaço agora.
O meu olhar encontra-te, por fim. Encaro a profundidade dos teus olhos verdes em busca de reconhecimento. Tremo. Caramba, como tremo! Estás mesmo aqui à minha frente e parece que nada mudou. Repentinamente, volto a sentir-me como uma adolescente imbecil e insegura, sorrindo nervosa na expectativa da tua aprovação. E ela chega. Chega e começo finalmente a relaxar. Não totalmente. Acredito piamente que contigo só relaxo quando nos fundimos um no outro em clímax sempre mais que perfeito. E é sempre assim, vertiginoso.
Quase trinta anos, acreditas?! E por mais que nos afastemos e por mais que nos reencontremos, é assim. Será sempre assim. A tranquilidade do saber que esteve e está tudo bem. A ânsia de estar contigo uma e outra vez sem exigir a tua presença. Um nó na garganta de sentimento bom que não cabe no peito. O ouvir músicas exclusivas "tuas", sempre sozinha, sem as partilhar com ninguém. O querer fugir de ti (porra que andei anos a fugir de ti) e ter de ceder por não aguentar mais não te ver. O antecipar o desfecho mais que óbvio que é todo e qualquer encontro nosso.
Quase trinta anos, acreditas?! E por mais que nos afastemos e por mais que nos reencontremos, é assim. Será sempre assim. A tranquilidade do saber que esteve e está tudo bem. A ânsia de estar contigo uma e outra vez sem exigir a tua presença. Um nó na garganta de sentimento bom que não cabe no peito. O ouvir músicas exclusivas "tuas", sempre sozinha, sem as partilhar com ninguém. O querer fugir de ti (porra que andei anos a fugir de ti) e ter de ceder por não aguentar mais não te ver. O antecipar o desfecho mais que óbvio que é todo e qualquer encontro nosso.
Química, turbilhão, uma loucura sã, é o que somos.
Vortex.
1 comentários:
Vou no carro e dou por mim a pensar se realmente irás cumprir com a tua palavra de te encontrares comigo: “será que se vai arrepender e arranjar uma desculpa à última da hora?”. Raios porque estou nervoso? Será o retomar de uma conexão. Vê-la como tantas outras vezes. Vê-la como aquele primeiro café (e que café que se transformou). Não! Tudo será “civilizado”, somos pessoas diferentes. Chego e dirijo-me ao café. Apetece-me uma Sumersby, mas não quero que qualquer pingo de álcool sirva para desculpar o que seja e quero dusfrutar da tua companhia 100% sóbrio. Peço uma água.
Procuro uma mesa à sombra e deambulo a minha cabeça para um e outro lado sem saber de que lado aparecerás. Ensaio a melhor pose para te receber. Quero manter a imagem que ainda tens de mim, apesar de já não ser essa pessoa que outrora conheceste (ou penso que não sou).
Chegas e eu vejo-te sorridente e sinto um frio na barriga de quem encontra a sua velha paixão. É isso que me recordo quando penso em ti, de paixão.
Sentas-te e trocamos olhares cúmplices e envergonhados. Ambos sabemos a vontade que temos. Pelo menos eu tenho uma vontade enorme de te beijar logo ali, passado tanto tempo, sem querer saber de mais nada. Mas não podemos. As circunstâncias são diferentes. Somos outras pessoas, ou será que somos mesmo?
Não somos as mesmas pessoas que passavam tardes e noites inteiras deitados nua na cama a desfrutar o corpo um do outro? A vontade ainda se mantém. Sinto no tu toque. Sinto no teu beijo. Sinto que ainda me queres e eu quero-te também…
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