Saio do meu palácio atraída pela tua mensagem. “Vem ter comigo ao teu lugar predilecto.” - não foi difícil perceber o meu destino.
À minha chegada, estavas de costas a contemplar a vista imensa da planície. A brisa deve ter levado o meu perfume até ti, já que te viraste sem eu ter feito um único ruído que anunciasse a minha presença. Sorriste e foste ao meu encontro.
- Vamos? Não temos muito tempo.
Encaminhaste-me sem me dizeres mais nada, até estarmos longe de vistas indiscretas. Segui-te igualmente em silêncio, curiosa.
- Agora que ninguém nos vê, já posso cuidar de ti. - disseste-me, enquanto me colocavas uma tira negra diante dos meus olhos. - Agora, encaminha-me para o ponto mais recôndito que conheces aqui. Descreve-me como ir para lá e levar-te-ei.
Consenti e fui descrevendo um percurso que conheço como a palma da mão. Cada pormenor do trilho, a clareira no topo, o caminho mais atribulado, aquela subida que nos deixa sem fôlego.
Entretanto paraste. Encontraste o trilho que havera descrito, mas que nunca o fiz sozinha. Encaminhaste-nos para lá.
- É agora que me retiras a venda? - questionei.
- Não. A venda só será retirada no local onde a coloquei.
Encostaste-me contra aquela parede antiga. Senti a brisa fresca nos cabelos dourados e a tua respiração quente no meu pescoço. Não me libertaste as mãos por um período, mas mesmo quando o fizeste, mantive-me quieta. Afastaste-me ligeiramente as pernas à medida que me subias o vestido. A minha respiração mudou. Senti-te duro contra mim. Beijaste-me sofregamente como se quisesses recuperar todo o tempo perdido e senti-te. Puxaste-me para um colo que abracei com as pernas enquanto aquele movimento originava um suor quente em ambos.
Não aguentei mais. Sentia a tua falta, assim como tu a minha. Explodiste em simultâneo comigo, num abraço de braços e pernas. Beijaste-me ao de leve enquanto me recompunhas a roupa e nos sentávamos no chão, ainda ofegantes.
Ouvi-te rir. Não ouvia esse riso há muito tempo.
Após algum tempo, levantaste-me, sacudiste o meu vestido de folhas secas e aguardaste que uns caminhantes se afastassem. Saíste comigo daquele local, agora já reconhecendo o caminho de volta. Chegados ao ponto de partida, disseste-me:
- Volto em breve, prometo. Quando deixares de ouvir os meus passos, podes retirar a venda. Guarda-a. Vais precisar dela novamente em breve. - beijaste-me novamente, acariciaste-me o rosto e antes de partires acrescentaste:
- Tinha tantas saudades tuas, minha doce Alice…!
E ouvi os teus passos, cada vez mais ausentes. Quando retirei a venda, apenas estava eu e um caminhante de ar admirado a olhar-me. Sorri-lhe. E voltei ao meu palácio.
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