Grande parte das mulheres, ou até mesmo todas (mesmo que não o assumam), sonham com aquela “love story” dos contos de fadas, princesas e príncipes, até ambos serem velhinhos e morrerem nos braços um do outro.
Mas nenhuma história de amor é 100% feliz e amorosa. Isso, só nas fotografias arquivadas em ficheiros digitais ou emolduradas numa qualquer parede lá de casa.
Não me interprete mal, quem me lê (se é que alguém o faz). Tenho a minha endless love story que nada nem ninguém a faz tremer. Tenho o meu porto seguro sempre que necessito atracar e abrigar-me de tempestades, até mesmo quando a tempestade ocorre nesse porto.
Deixemo-nos de hipocrisias, no entanto. Qualquer ser humano quebra, necessita do seu espaço, de escapar a uma rotina instalada. E isso não significa infidelidade, quebra de confiança, enredos e enganos.
Para mim, significa escrita. Escrever cenários imaginários, passados que deixam saudade, futuros nunca vividos, presentes no que se sente embora não se viva na realidade.
Ao longo da minha vida cruzei-me com algumas pessoas. Todas tiveram a sua parte na construção do que sou hoje, positivo e negativo. Poucas deixam saudades. Estiveram de passagem e não lhes guardo importância. Outras, por gargalhadas genuínas, por alegria sentida, recordo-as com a ternura devida a memórias que nos fazem bem.
De todos esses cruzamentos, tropecei naquela pessoa. A única que me imaginei velhinha num baloiço desgastado de madeira, num alpendre ao final da tarde, com a cabeça no seu ombro e mãos entrelaçadas, sem necessidade de trocar uma única palavra.
Há tropeções, até desejos infundados em lançar tudo pelos ares, há a ira que só um grande amor pode provocar quando há batidas de frente. Mas a poeira acaba sempre por assentar. E continua para sempre enquanto durar.
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