Ando pelas ruas da baixa da cidade sem nenhum destino em mente. Perco-me em vielas, absorta em pensamentos, fugindo às enchentes de pessoas atraídas pela iluminação natalícia e com a urgência que um subsídio de Natal implica. Vagueio, naturalmente, com música nos ouvidos, alheia a todo um corropio mal educado que as enchentes natural e bizarramente provocam.
Sinto frio. Saí do palácio com gola alta, calças de ganga, botas altas e sobretudo, mas o frio continua a ultrapassar as barreiras que lhe impus sem qualquer tipo de dificuldade e pudor. Enfio as mãos nos bolsos para as aquecer. Relembro a última reunião que tivemos, mais aquecida. Sorrio e trinco o lábio com algumas das memórias que me proporcionaste.
No entanto, não atendo as tuas chamadas nem respondo às tuas mensagens. Free lancer não tem contracto nem vínculo institucional e, por mais ávido e desejoso de colaborar novamente, terás de aguardar contacto da minha parte. Passo pela ruela onde outrora trocámos algumas dissertações. Estreita e obscura, desencoraja transeuntes a se aventurarem por cá. Palco de respiração sôfrega, corpos quentes e com muita agilidade para fintar vestuário invernal, o cenário ideal para muitas das nossas reuniões em noites frias.
Olho à minha volta. O ruído da cidade está abafado por estas paredes antigas, testemunhas de tanto. E decido; próxima reunião voltaremos a este palco, voltaremos a entrar em cena no melhor que sabemos fazer por ambos. O meu telefone vibra. És tu novamente. Sorrio. Ainda vais ter de esperar.
2 comentários:
Fico perdido entre algumas analogias, mas numa identifico-me. A falta de retorno. Fico a aguardar ... Semi-Desconhecido***
Welcome back. ;)
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