Regresso ao palácio.
À minha chegada, denoto o portão entreaberto e espreito para perceber quem me visita. Claro. Esquecera-me por completo; a sessão!
Vislumbro o teu semblante no topo da escadaria que leva ao palácio. Estás de negro, como eu, embora de indumentária mais sóbria, quase senhorial.
Fecho o portão e ao encaminhar-me para a escadaria, já me observas.
***
Fico mais tranquilo. Já estava à espera há 10 minutos e receava que te tivesses arrependido.
Sobes, degrau a degrau, pausadamente, e isso dá-me o tempo de que preciso para apreciar, em primeiro lugar, a tua silhueta, depois, o teu modo de andar, em seguida, o teu rosto e, finalmente, os teus olhos luminosos.
Olhas-me com franqueza e, com um sorriso, dizes-me:
— Olá! Atrasei-me um bocadinho…
***
— Espero não te ter feito esperar muito tempo. Entramos?
Encaminho-te para o interior do palácio, enquanto olhas ao teu redor. As janelas e tectos altos deixam entrar a luz ténue deste friorento dia de Outono, iluminando os painéis de azulejos seculares.
— Terei de tomar um duche rápido, mas deixo-te no bar. Ficas mais confortável lá. — Digo-te, enquanto te tiro o sobretudo para o pendurar. — Segue-me, por favor.
Sorrio divertida ao ver o teu espanto ao chegarmos ao bar. Recordo quando resolvi remodelar esta assoalhada e o ar igualmente espantado do decorador, quando lhe disse que queria decorar o bar ao estilo Grémio Literário no Chiado.
— As garrafas estão naquele balcão, caso queiras tomar algo para te aqueceres. Fica à vontade. Volto em 20 minutos. Devo vestir algo específico ou maquilhar-me?
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