Acordo a sentir a tua ausência. Espreguiço-me e sinto a estranheza de que algo mudou entre nós. Saio da cama e preparo-me para sair. Leggings, ténis, mp3 e estou pronta.
O tempo está igualmente estranho. Não está frio, não está sol, não chove. Tem estado a mudar num incessante rodopio.
Suspiro. Preparo o Strava e arranco. Vou pensando enquanto o terreno é plano no que me uniu a ti, no que temos em comum, na paixão volátil, mas fugaz que agora provoca mais danos que benefícios. Sinto aquele aperto no peito, a ansiedade proclama o seu lugar e exige instalar-se para ficar.
O que faço contigo? O que faço sem ti? Reparo que já me encontro em plena floresta, não tendo dado conta do percurso que fiz até então. Desligo o mp3 e fico à escuta deste silêncio ruidoso que tanto me alimenta e apazigua. O vento sopra e a copa das árvores dança ao seu ritmo. O terreno continua frio e húmido das últimas chuvas. O que faço contigo? O que faço sem ti?
Sou forçada a parar. A minha respiração está alterada, descompassada. Obrigo-me a acalmar e a tentar respirar fundo. Coloco os fones novamente para que a música me distraia. Estou a estalar novamente, mas tu não estás aqui. Não me colarás como o fazias sempre. E é assim que tem de ser. É assim que deve ser.
Tenho de deixar-te ir. Tenho de abdicar de ti. É urgente a tua partida para que não te afogues em mim. Há paixões assim, voláteis, mas fugazes. E esta provoca agora mais danos que benefícios.
E agora? O que faço com o teu silêncio? O que faço sem ti?
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