Hoje saí novamente assim que me foi possível. Equipei-me como de costume, mas deixei de lado os auriculares para te ouvir e parti do palácio em passo acelerado para expurgar estes demónios que me atormentam. Catorze quilómetros depois e estava a entrar nos jardins do meu palácio evitando, contudo, o anfiteatro, local onde te escutei pela última vez.
À semelhança do anfiteatro, evitei a minha (agora nossa) serra. Não consigo, ainda, retornar ao meu cenário Tim Burton sem que me venhas ao pensamento, tornando-se demasiado doloroso para mim. Um dia, conseguirei regressar. Gostaria que fosse contigo.
Tenho vindo a pensar muito, desde a última vez que ouviste a minha voz. Sei que provoquei este fim. Sei que já te tinha advertido desta possibilidade, embora verifique agora que não me tenhas dado a devida atenção. Sei que consigo viver sem ti. Sei, no entanto, que possivelmente me precipitei, no desespero de me querer proteger. A maturidade existe assim também, em assumir erros e falhas. Foste tu, também, precipitado naquele sábado? Nas palavras que me dirigiste, sem nexo, naquele domingo? Ou na frieza gélida do teu discurso naquela segunda-feira? Só reconheci um vislumbre do teu Eu de outrora para comigo quando sucumbi, naquela terça-feira. Estarias tu à espera, do desfecho que acelerei, naquela quarta-feira?
Um dia talvez me digas, de viva voz. Porque mesmo com toda a sinceridade que sempre transpirei, porque não me fazia sentido de outra forma, sinto que ainda te refugiavas nas palavras, sinto que não levaste mesmo à letra o que te fui confessando…
Oiço a Six Feet Under e choro a deambular pelos meus jardins. I remember you.
É esse o problema.
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