sexta-feira, 14 de junho de 2024

Paraphrasing

Parafrasear não é para qualquer um. Por vezes sou lida de tal forma deturpada que até assusta. E o mais interessante é que me mostro ipsis verbis como sou. Não sou uma personagem criada, não busco aparentar o que não sou. Mostro-me ao mundo e adianto de forma bastante antecipada inclusive os meus defeitos. “Como te compreendo!” - dizem uns. “Faz sentido, claro que sim.” - dizem outros. Mas nada compreendem nem fazem ideia do sentido que mencionam e seguem por aí, parafraseando, donos e senhores, muitas vezes somente da sua própria arrogância, convictos de que sabem ler-me, quando na realidade nem com consulta a um dicionário lá chegam. 

Aborrecem-me. É gratificante podermos ser nós, sem filtros, mesmo quando nos expomos e criamos vínculos sem muralhas protectoras. É gratificante assistirmos a mudanças, mesmo que negativas e o podermos exprimir - sem merdas de rodeios - o que sentimos como consequência dessas mudanças. Mas não. Fogem como os ratos que abandonam o navio, tecendo ilações e deixando a frontalidade na gaveta das boas intenções. 

Aborrecem-me. Ando para lá de horrivelmente aborrecida. Sinto falta da dinâmica, do corropio sentido na espinha, de ser transparente como água, com tudo de bom e mau que isso acarreta. Sinto falta de ser eu, de me parafrasear com a assertividade que lhe é intrínseca.


1 comentários:

Anónimo disse...

Gostei de te pressentir neste texto. Parto sempre do principio que quem nos tenta rotular, emprestar a sua sabedoria, ou adequar o que ouve ao que "alcança", ... tem de facto boa intenção, quer de facto ajudar e serenar um tormento ou dinâmica que nem advinha..
Imagino que talvez o teu tom de voz, clareza, pragmatismo, impaciência, te tornem embaixadora dos Insondáveis, a rotular, encaixar e categorizar o quanto antes, que isto de nao conhecer / controlar, assusta!
Do que leio, teu, quem nao sucumbir aos seus próprios pré-conceitos, e medo de nao encaixar e ser aceite, vai descobrir, com facilidade. Que és quem és, sempre, nao dás folga! À autenticidade, à impulsividade e emoções que o seres como és, sem filtros te impõem. E mesmo quando pesa, imagino-te, com uma ponta de orgulho, - enquanto sofres como só quem sente e se dá sofre -, enquanto rebates a dor com um esgar de " ao menos estive, fui, vivi, sinto, vou, e nao mudo, e daqui a nada estou, onde quiser e como sou, de cabeça, com a alma toda!".
Não há nada de mais raro hoje em dia, e já há muito, do que ser e estar, tal qual como se é, fiel ao que nos molda, bom, mau, horrivel, estrondoso, ou sem cura. E de tão raro, torna-se precioso.
Imagino-te um icebergue.
Gosto muito de icebergues. O que realmente importa, não está visível, nem se enxerga naquela primeira olhadela à "ponta" visível, mas observando, com tempo, mergulhando, está lá tudo. Como é. Sem tirar nem pôr. Lindo ou mortal, dependerá de como o encaramos.. e abordamos! Venham os "Titanic".. sabemos quem sobreviveu para contar a história ... Ou estórias!
À tua, mesmo quando desencontrada de ti, por falta de par... de pares, de quem te acompanhe.. cenas de ser Ímpar!








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